quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A Olimpíada da Pronúncia Errada

INDICADO PARA CORRESPONDENTES DO BRASIL NA CHINA

Existe algo que está me incomodando nessa Olimpíada, e não é o fato d'eu não estar na China, ou os nossos atletas que não estão lá muito bem...Não, nada disso. O que está realmente me deixando irritado são os excessos de erros nas pronúncias de simples vocábulos chineses!

Calma, pera lá, não estou reclamando daquele seu tio que elogiou a abertura das olimpíadas de beijinho, nem do seu irmão que gostou da atuação do jogador de basquete Yão Mingue.

Na verdade, venho por meio desta, reclamar da péssima pronúncia (e também da falta de interesse em procurar pronunciar corretamente) dos jornalistas brasileiros que lá estão, fazendo a cobertura desse belíssimo evento, que só acontece de quatro em quatro anos - ou seja, tempo mais do que necessário para aprender que, em chinês:

1) Q tem som de tch, como na palavra tchau;
2) ZH tem som de J, como no nome Johny;
3) C se pronuncia como 'ts' e Z como "tz";
4) J, em chinês, também se pronuncia como o J de Johny;
5) G no final das palavras não é pronunciado, e quase sempre a letra A tem um som levemente parecido com o E.

Eu não vou nem entrar na questão do 4 tons existentes no dialeto mandarim, que podem mudar radicalmente o significado de uma palavra apenas pela tonalidade em que ela é falada! Até porque isso seria exigir de mais de nossos jornalistas e comentaristas esportivos...


Tenho acompanhado os Jogos Olímpicos de Pequim (ou Beijing, mas pronuncie corretamente!) pela TV, zapeando pelos canais que exibem a festança, desde a Band até a Globo, da ESPN até o SporTV, passando por suas ramificações SporTV2, SporTV3 e 4. E olha, nunca na história desse país eu vi tantos erros bestas de pronúncia, que poderiam ter sido facilmente corrigidos com o mínimo de estudo. Na verdade, só uma lida de menos de meia hora no artigo sobre a China do Wikipedia já bastava...

"Mas ninguém é obrigado a saber tudo", dirá o leitor mais bonzinho. Concordo, claro. Dando continuidade aos clichês, eu diria que "Ninguém nasce sabendo". Mas poxa, lá do outro lado do mundo, invadindo as nossas casas pela TV e dando as últimas notícias de Beijinho, estão jornalistas GRADUADOS, EXPERIENTES e TÃO BONS a ponto de terem sido mandados para fora do país, apenas para cobrir um evento esportivo. O mínimo que podemos exigir é uma pronúncia básica, que como você mesmo acabou de conferir ali em cima, não tem dificuldade alguma.

Apesar de todo glamour desses Jogos Olímpicos [vai, Phelps, vai!], o que está arruinando, pelo menos aqui em terra brasilis, é esse show de Zou Fêngues (Zhou Feng), Kimrruandãos (Qinhuandao) e beijinhos (Beijing) sendo distribuídos por aí...

Não conheço nenhum Michael que goste de ser chamado de Mixael, e nenhuma pessoa que, ao redor desse pobre infortunado, não ruiria os ouvidos ao ouvir tamanha ignorância. Então, o mesmo para com os chineses e os estudantes o idioma!

Por incrível que pareça - permita-me elogiar agora -, o Galvão Bueno está entre os menos piores. Consegue, razoavelmente bem, pronunciar os nomes das províncias e dos atletas sem maiores complicações. Se é por experiência ou aplicação nos estudos, eu não sei. Mas desconfio que ele andou tendo aulinhas com seus colegas Pedro Bassan e Sônia Bridi - essa última, passou dois anos na China e escreveu um livro ótimo contando suas experiências por lá, vale a pena conferir.

Valeu, Galvão!

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